A Cinédia, uma das primeiras produtoras cinematográficas do país, comemora este ano seus 80 anos
Este ano a Cinédia comemora seus 80 anos. Fundada em 15 de março de 1930 pelo jornalista Adhemar Gonzaga, é uma das primeiras produtoras cinematográficas do país e pioneira na industrialização do setor. Até 1952, a companhia realizou mais de 700 produções de curta duração e 55 longas.
A Cinédia está instalada atualmente em um casarão histórico de Santa Teresa. Neste novo espaço, a casa celebra seu aniversário com a concretização de uma série de projetos. Será iniciada a digitalização de parte relevante do acervo de fotos e documentos raros, está sendo finalizada a restauração de 7 filmes com apoio da Petrobras - exibidos em breve em mostras e festivais - e, a partir de junho, serão oferecidos cursos na área cultural.
Desde 1970, Alice Gonzaga assumiu a direção da empresa com objetivo de dar continuidade ao trabalho do pai. Ela atua como produtora e escritora e nos últimos anos concentrou quase toda sua atenção na restauração dos filmes, ao todo já restaurou 17. Por este trabalho ela já recebeu vários prêmios e homenagens, o mais recente foi dado pela Academia Brasileira de Cinema.
A companhia já passou por diversas fases e o auge da produção ocorreu até meados dos anos 50. Durante este período foram consagrados artistas como Carmen Miranda, Dercy Gonçalves, Paulo Gracindo, Anselmo Duarte, Dalva de Oliveira, Emilinha, Dulcina de Moaraes entre outros. A Cinédia também lançou diretores e técnicos hoje conhecidos como Humberto Mauro, Edgar Brasil, Moacyr Fenelon, Hipólito Collomb e Luís de Barros.
Nos anos 60 a companhia dedicou-se a co-produções e nos anos 70 e 80 passou à locação de estúdio e equipamentos, com destaque para a televisão e publicidade.
Nos últimos anos, uma das principais atividades da Cinédia tem sido a restauração de clássicos produzidos na casa. Entre eles Alô Alô Carnaval (1936), um dos musicais mais significativos, e O Ébrio (1946), ainda hoje uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro.
Os filmes produzidos pela Cinédia retratam o país e sua cultura na primeira metade do século XX. Era uma época adversa para a produção cinematográfica na qual se dependia totalmente da iniciativa privada. Adhemar Gonzaga usou recursos próprios para modernizar a produção brasileira e introduzir práticas como efeitos especiais, maquiagem, star system e equipamentos como grua, mesa de som, etc.
Ele trouxe estas inovações sem a pretensão de fazer uma réplica de Hollywood, e sim para realizar filmes sobre a cultura e a vida brasileira. Estes filmes transformaram-se em fonte de compreensão daquele período, preservam a nossa memória e proporcionam o contato com o passado. A história da Cinédia espelha a própria trajetória do audiovisual no país e a companhia pode ser considerada patrimônio do cinema e da cultura brasileira.
